Filarmônicas de Mundo Novo: Do passado ao presente
Por Neuma Dantas
As filarmônicas mundonovenses, surgidas no final do século XIX, representavam os dois clubes sociais da elite ligados a partidos políticos.
A primeira, conhecida como a Sociedade Philarmônica Lyra Mundonovense, segundo Dante Lima, foi fundada pelo poeta José Alves Barreto, em 12 de outubro de 1896, sendo instalada na cidade em 15 de novembro do mesmo ano. O maestro Almiro Adeodato de Oliveira, filho adotivo de Mundo Novo e tio do querido amigo Valtemar, junto aos irmãos músicos Armindo e Atília, fizeram parte da criação da Philarmônica. Seu primeiro presidente foi Joaquim de Souza Pinto.
A Sociedade Philarmônica Lyra pertencia ao clube do mesmo nome. Sua fama consolidou-se graças ao desempenho dos músicos, todos considerados da melhor qualidade, fato que levou o nome da Sociedade e as festas de Mundo Novo a ultrapassarem a região. Foi considerada por músicos experientes da época, como melhor que a de Feira de Santana.
De acordo com Dante, a Lyra cresceu demais e implodiu. Um desentendimento na família Lima, entre os irmãos Juvêncio e Elias provocou um racha na direção da Lyra e, conseqüentemente, na Sociedade. Adelino, Sinfrônio e Elias (avô e tios-avôs de Diná, Valdir, Valmir, Nailde, Gorete, Mônica, Nelma, Jeová Lima etc) romperam com Juvêncio, presidente do clube, e junto a outros músicos formaram um grupo dissidente, o qual foi acolhido pela filarmônica rival, a Euterpe.
Sociedade Euterpe
A formação da Sociedade Philarmônica Euterpe de Mundo Novo deve ter ocorrido assim que o clube foi criado. Dante Lima não encontrou nas suas pesquisas a data exata de sua fundação. Sabe-se que a Sociedade adquiriu, em junho de 1904, o prédio que seria a sede do clube; também por certidão do Cartório de Registro de Imóveis, passa a ter nº 14, quando “foi averbada a construção de pavimento superior” (LIMA,2006).
Os profissionais que romperam com a Lyra reforçaram o time da Euterpe, tornando-a equiparada, em qualidade, à primeira. A competição entre as duas filarmônicas gerou o fenômeno das grandes festas e do carnaval que se tornou imortal, segundo a letra doRecordando Mundo Novo, de autoria de Almiro Oliveira, considerado o Hino à cidade.
Para o professor Vanderlan Sampaio, as filarmônicas atuaram até a década de 1940. De sua concepção inicial, surgiram as orquestras que continuaram fazendo os bailes dançantes e as festas carnavalescas.
O pai do pesquisador Dante, o prefeito de Mundo Novo entre 1945 a 1947, Antonio Ângelo de Lima, também fundou por volta de 1945/46 a Philarmônica 18 de setembro, que ficou conhecida como A Furiosa . Mas infelizmente, segundo o filho, não teve vida longa.
Reconquista da Filarmônica
As Sociedades musicais foram se transformando em menores núcleos de orquestras, as quais duraram ainda algum tempo fazendo as festas até a década de 1950. Daí passaram a conjuntos, com representantes talentosos, muitos ainda atuando em festas de amigos. Bom mesmo é que a semente da boa música continua nos descendentes e amantes da alegria. É só revitalizá-la.
Os filhos de Mundo Novo buscam portanto, revigorar as sociedades filarmônicas. Para isso, precisamos cumprir uma condição sine qua non: abrir uma escola de música. Para preencher o item primordial, dependemos da contratação de um professor e de um espaço para funcionamento cedido pela Prefeitura Municipal.
Cumprido o primeiro passo, poderemos apresentar à Secretaria Estadual de Cultura, através do programa de renúncia fiscal, Faz Cultura, um projeto para organizar a filarmônica tão sonhada. Não para satisfazer aos “saudosistas”, mas para munir a terra natal de cultura, entretenimento e espírito de cidadania. Principalmente entre os mais jovens.
Neuma Dantas é formada em Letras e Comunicação Social – Jornalismo. Mestre em Comunicação e Política – UFBA. É fotógrafa e atuou como produtora musical.
Meu sobrinho IRANIZINHO filho da minha irmã DIDI que reside na rua da bananeira é um dos guerreiros que faz parte desta eterna e maravilhosa filarmônica.