Por Gildasio Alves de Souza,

No dia 1º de janeiro, querendo saber noticias sobre a posse do novo presidente da Câmara de Vereadores de Mundo Novo li a decepção do escritor, advogado e, sobretudo, mundonovense Dante de Lima com o Legislativo municipal. Em outras palavras, ele afirma que os nossos vereadores estão manchando a historia política do nosso município.

Sendo assim, gostaria de pedir licença ao grande Dante Lima e aos mundonovenses para falar um pouco sobre o que penso da situação política que vivemos.

Durante o processo eleitoral que elegeu os atuais vereadores, algumas vezes, mesmo não estando em Mundo Novo, através deste site tentei mostrar aos eleitores que participavam do debate que a eleição legislativa era tão importante quanto a eleição para o poder executivo.

Naquela oportunidade, sentia que a campanha ganhava um tom preocupante. As mensagens postadas indicavam que chegaríamos ao que estamos vivendo hoje. Mesmos com a intervenção dos mediadores, a discussão parecia mais com torcida de futebol – Bahia X Vitoria – do que eleitores conscientes que pretendiam eleger os seus representantes. Elegemos, talvez, a pior câmara dos últimos tempos.

Porém, o problema político de Mundo Novo não se resume apenas a Câmara de vereadores. Temos dois grupos políticos que não estão nem um pouco preocupados com a melhoria da qualidade de vida da sociedade. Na verdade, poucos são beneficiados. Não há nenhum trabalho voltado para a coletividade. Vejam a qualidade da nossa educação. No inicio dos anos 90 tínhamos, um grupo significativo de jovens que faziam universidade no campus IV da UNEB em Jacobina, todos eles oriundos do Colégio Estadual Luiz Eduardo Magalhães. Hoje são poucos. Antes, mesmo, que alguém diga que isso é por conta da universidade aberta gostaria de alertá-los que outros municípios da região, também, têm universidade aberta e nem por isso diminuiu o número de jovens aprovados no vestibular da UNEB.

Como estudante de direito, pretendo escrever a monografia sobre o controle preventivo de constitucionalidade das leis municipais. Tenho lido muito sobre processo legislativo e a lei orgânica de Mundo Novo faz parte do meu material de pesquisa. Percebo que muita coisa precisa ser regulamentada através de leis ordinárias, porém, os vereadores deixam transparecer que não lêem a lei orgânica municipal. No entanto, o que vemos são discussões vazias e de pouca utilidade para a coletividade.

Na verdade, a história de Mundo Novo – narra da pelo próprio Dante Lima – se confunde com a história do Brasil, a partir da segunda metade do século XIX. Sendo assim, Mundo Novo tem uma história política dominada por coronéis e oligarquias, sem a participação popular. As pessoas que chegam ao poder se sentem donos do município e acham que podem fazer o que bem entender com a vida da maioria da população e com a coisa pública. Não evoluímos politicamente. Perdemos o bonde da história e estamos pagando um preço muito alto por isso.

Nas minhas conversas com amigos, digo, sempre, que Mundo Novo entraria em colapso para depois ressurgi – assim com a fênix – das cinzas. O colapso chegou, precisamos agora estudar uma maneira de envolver o povo no processo para sairmos dessa situação. Mundo Novo tem jeito sim, porém se o povo não for chamado para fazer parte da história dificilmente daremos a volta por cima.

O povo precisa entender que no mundo atual, a política do discurso vazio e da promessa não tem espaço. Vereadores que não sabem o seu papel e prefeitos que estouram o orçamento, que não discute os problemas com a comunidade, que empregam parentes e amigos não merecem o poder.

Perdemos a primeira década do século XXI ( Mundo Novo não merece passar por essa situação). Nossos políticos precisam entender que o poder emana do povo e para o povo. A atual gestão, assim como as duas anteriores, está perdida. Não haverá um retomado do rumo, eles não sabem, ou melhor, não acreditam no poder do povo.

Para eles o povo deve ficar em segundo plano, sem participar das decisões que envolvem a coletividade e para isso manipulam a massa fazendo com que ela participe das sessões da câmara sem saber na verdade o que está acontecendo. Como o sistema é viciado vão continuar pensando em favorecer uma pequena parcela da sociedade. Na verdade os beneficiados são os que menos precisam.

Quanto a nós, só nos resta aprender com os erros do passado. Sabemos que o aprendizado é dolorido, pois é necessário refletir sobre os assuntos mais delicados existentes na nossa comunidade. Precisamos entender que não basta ser experiente ou jovem, é preciso, primeiro, compromisso com os mais necessitados, com o desenvolvimento, com a educação, com a saúde, com agricultura, com o lazer, ou seja, com o coletivo. Que homens públicos não podem tudo e que eles precisam agir em conformidade com a lei. Que, em uma sociedade, cada um deve ceder um pouco para que todos saiam ganhando.

Mas, o povo de Mundo Novo é, como disse o poeta, acima de tudo um forte e sendo forte pode superar as adversidades e reconstruir a sua história.

Feliz 2011 e um Mundo Novo melhor.