Por Neuma Dantas¹*

No modelo de Democracia Participativa há responsabilidade geral pelos assuntos públicos, ela é tão importante do ponto de vista do desenvolvimento econômico-social de uma comunidade quanto da aquisição de consciência da cidadania de seus membros.

A participação cívica, referente às nossas relações com os outros, se dá com a cooperação nos assuntos públicos, assuntos esses portanto, de interesse vital para um município. A formação de associações sociais, comerciais, culturais etc. leva o indivíduo a um bom grau de autonomia, tornando-se um instrumento de opinião pública, já dizia Tocqueville. Além disso, certamente o fortifica e o protege diante da opressão da maioria.

Essas conexões sociais geram sucesso individual e coletivo formando o que o cientista social americano, Robert Putnam, chama de Capital Social. Numa comunidade rica em formação de grupos dirigidos a um objetivo comum, a organização social facilita a coordenação e cooperação dos indivíduos, proporcionando-lhes benefícios mútuos. Explicando melhor, o Capital Social é engajamento cívico, atividades dos membros da sociedade que expressem compromisso com a comunidade. Tais iniciativas vão além de prática política restrita à escolha partidária, visam à cooperação ou benefícios à coletividade, ao florescimento da democracia.

Engajar-se civicamente ou formar Capital Social é tão simples como filiar-se a grupos voluntários, religiosos, participar de Campanhas como a do projeto da Praça da Santa Cruz, da construção do Centro de Artesanato de Mundo Novo, doações para instituições de caridade, jantar com amigos/família, ir a festas, conversar com vizinhos etc. Atividades sociais como pertencer a um grupo de interesse comunitário, levam-nos a aprender a deliberar, a escolher o que é melhor para a cidade, a ajudar na sua gestão, a responder pelo funcionamento da polis ou decidir nossos destinos. Isso é fazer política no sentido democrático mais amplo, contribuir para que todos participem e aproveitem os louros adquiridos.

Cientistas políticos debatem o enfraquecimento das redes sociais, considerando que as novas gerações são expectadoras, assistem e não participam. Surge nesse cenário, o tempo, em exagero, dedicado à TV como vilã (exceção para os noticiários). Outras conseqüências seriam o pouco contraste de opiniões, pouco pluralismo com menos vozes no debate e a falta de proteção aos habitantes.

As vantagens e caminhos do enriquecimento cívico da cidade entretanto, são maiores, entende-se que, onde houver conexões sociais intensas, onde a comunidade se organiza, partilha valores sociais como a confiança e reciprocidade, aumentam as chances do povo diante das instituições político-sociais na promoção de políticas públicas, por exemplo.

Surgem na contemporaneidade, elementos que vêem contribuir com os objetivos de fomentar a participação do cidadão na vida de sua cidade. O uso das novas tecnologias, como a Internet, é um exemplo de recuperação da participação pública; a formação dos movimentos sociais em busca do reconhecimento das minorias é também esperança do renascimento das redes cívicas. O engajamento portanto, pode ser praticado face a face ou de forma indireta ou virtual.

Não se quer dizer com isso que o indivíduo não associado está isolado do debate público, todavia os grupamentos fortalecem a democracia. Há  de se chamar atenção para o outro lado, há associações antidemocráticas, corporativistas, cujos membros visam vantagens próprias acima do interesse público. Esse mal deve ser combatido.

Não há  dúvida que o Capital Social é comunitário, participar das campanhas de recuperação dos Clubes Sociais Aliança e Lira, do Cine-Teatro Mundo-novense ou do Carnaval Folia 2010 – “Relembrando os antigos carnavais” são exemplos de atos necessários, solidários, geradores do bem coletivo, do lazer geral, combatem a apatia política, além de um dever da ordem da cidadania que todos devem aprender a exercer no caminho da convicção democrática.

Neuma Dantas

Neuma Dantas é formada em Letras e Comunicação Social – Jornalismo. Mestre em Comunicação e Política – UFBA. É fotógrafa e atuou como produtora musical.